Sociedade dataficada: o mundo sob coleta massiva de dados pessoais
Ruam Oliveira | OBORÉ Projetos Especiais
A realidade da coleta massiva de dados feita por empresas de tecnologia foi tema de conversa deste sábado, 10/4, no módulo Encontros para entender melhor o mundo, proposta de imersão em grandes temas da atualidade que integra o Projeto Repórter do Futuro.
A dataficação, que corresponde a este movimento de grandes empresas como Google e Amazon no armazenamento dos dados produzidos pelos usuários na internet, foi abordada pelo sociólogo Sergio Amadeu, pesquisador e coordenador do Laboratório de Tecnologias Livres (LabLivre/UFABC) .
Assim como aconteceram as revoluções industriais no século passado, o mundo passa hoje por uma revolução informacional, segundo Amadeu. O sociólogo explica que essa revolução acontece em fases e não será de uma única vez. Tudo o que existia antes da era digital continuará existindo, mas sendo transformado em dados.
Esse modelo de negócios baseado na coleta de dados, explica Amadeu, foi uma criação da Google. Um dos avanços desse modelo foi as empresas começarem a usar os dados para fazer análises preditivas. Esse tipo de análise se baseia em comportamentos dos usuários para criarem tentativas de modulação de comportamento. Ou seja, tentam prever os próximos passos, gostos e desejos de quem está na internet.
"Dados pessoais valem muito, mas não são petróleo. O petróleo é natural, já os dados são criados por dispositivos", apontou Amadeu.
O pesquisador destacou que várias esferas da sociedade estão sob domínio da tecnologia da informação e reforçou que não se deve olhar para essas grandes empresas como neutras e sem objetivos declarados. Para ele, a imprensa também é pouco crítica sobre o "colonialismo de dados".
"Plataformas gigantescas são o novo Leviatã deste tempo", afirmou.
O módulo Encontros para entender melhor o mundo se propõe a olhar para temas da atualidade e a partir de reflexões de renomados pesquisadores de diferentes áreas, lançar luzes sobre as complexidades existentes atualmente.
No primeiro encontro do módulo, o biólogo Marcos Buckeridge abordou os impactos da pandemia nas cidades. Na próxima semana, 17/4, o jornalista e escritor Rodrigo Savazoni, fará uma exposição sobre onde encontrar alternativas no mundo do trabalho. O último encontro traz a participação de Gonzalo Vecina, médico sanitarista, gestor hospitalar e docente da Faculdade de Saúde Pública (USP), e vai tratar sobre a emergência sanitária que o mundo está passando.
Realização: OBORÉ Projetos Especiais
Apoio institucional: Laboratório de Tecnologias Livres da Universidade Federal do ABC – LabLivre UFABC | Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo – IEA/USP | Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão de Políticas Públicas e Sociais – IPFD | Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - Abraji
