26/04/2021

Repórter do Futuro recebe Rodrigo Savazoni para refletir sobre futuros possíveis

Quais os futuros possíveis para a humanidade? Com quem podemos aprender e evitar um colapso? O que podemos fazer melhor e diferente, desde já, a partir de nossas práticas cotidianas? Se o que eu quero ainda não existe, que tal começar a construir? Essas foram algumas reflexões que nortearam a sessão de imersão do sábado, 17, no ‘Encontros para entender melhor o mundo’. Trata-se de mais uma atividade do Projeto Repórter do Futuro promovida pela OBORÉ e que desenvolve-se ao longo deste mês de abril com o apoio institucional do Laboratório de Tecnologias Livres da Universidade Federal do ABC – LabLivre UFABC, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo – IEA/USP, do Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão de Políticas Públicas e Sociais – IPFD e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - Abraji

O convidado da semana - o escritor e jornalista Rodrigo Savazoni, diretor do Instituto Procomum, abordou como a crise climática e os modelos de sociedade vão reverberar nos próximos anos. "Já passamos da capacidade do planeta de ofertar o que precisamos. Isso é o paradoxo do nosso tempo. A nossa interferência tem feito com que o índice de produção e consumo supere a capacidade do planeta de nos prover de bens necessários", afirmou.

Savazoni comenta que o mundo vive hoje uma situação em que o número crescente da população continua consumindo os mesmos recursos de séculos atrás e que, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial pode chegar a 10,9 bilhões em 2100. Para o jornalista, o principal desafio disso está na mudança de mentalidade das pessoas: não vai ser possível existir "um planeta de Dinamarcas", comenta. E que o capitalismo não é um sistema que permite a partilha entre todos os países do planeta. Vale lembrar que a Dinamarca possui um dos melhores IDH do mundo, figurando em quarto lugar no ranking global do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O jornalista comenta a postura de CEOs de grandes empresas de tecnologia e o interesse deles em novas formas de viver. Cita Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, que atualmente investe recursos em pesquisas para o envio de foguetes tripulados para Marte. "É como se a gente fosse capaz de imaginar o fim da humanidade, a necessidade de ir para outros planetas, mas [sendo] incapazes de imaginar viver num sistema diferente", apontou.

Savazoni também destacou que o debate a respeito das mudanças climáticas e do colapso global pode ser considerado chato, mas que o jornalismo pode trabalhar para tornar o assunto mais palatável. A atual crise climática é a primeira causada por um animal e não por causas naturais. "Estamos nessa situação porque optamos por um modelo de desenvolvimento que foi se espalhando pelo mundo através da violência total do colonialismo e chegou a todos os rincões do planeta em mais ou menos 200 anos. O que trouxe para muitos uma condição de vida muito melhor do que a dos nossos ancestrais, também gerou um colapso que fará com que a gente entre em extinção. Esse é o paradoxo do nosso tempo", destacou.

Mas é possível reverter o caminho, aponta o escritor. Há pessoas em diversos setores trabalhando por isso, mas o ponto principal para a construção desta transição passa por mudanças de hábito e desenvolvimento de tecnologias de energia renováveis, por exemplo. "Nós criamos e podemos 'descriar'. Temos que mudar estruturalmente uma série de processos decisórios, que não é tão fácil", disse. É imperativo tentar, conclui.

O módulo ‘Encontros para entender melhor o mundo’ visa lançar luzes sobre grandes temas da atualidade e convida especialistas de diversas áreas do conhecimento para análises e reflexões sobre questões que marcam o nosso tempo. No próximo sábado, dia 1º de maio, os estudantes receberão Gonzalo Vecina, médico sanitarista, gestor hospitalar e docente da Faculdade de Saúde Pública (USP). Vecina foi o responsável pela criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (Anvisa) e seu primeiro diretor-superintendente entre 1999 e 2003. Foi também Secretário da Saúde de São Paulo (2003-2004). O médico irá tratar sobre os aprendizados desta emergência sanitária.

Saiba mais sobre o módulo

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