18/10/2021

Repórter compartilha experiência na cobertura de direitos humanos durante a pandemia

A trajetória de um repórter que cobre conflitos armados ou situações de violência pode ser muito diversa. No caso de Marcus Vincax, repórter que hoje atua na Rede Globo, desde os tempos de graduação sempre teve vontade de correr atrás de histórias sobre a realidade das pessoas e contá-las da melhor maneira possível.

Ele participou de encontro com repórteres do futuro no dia 16 de outubro, em uma conversa para o vigésimo módulo sobre cobertura de guerra e conflitos armados, realizado pela OBORÉ em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Marcus integrou a equipe vencedora do 4º Prêmio CICV de Cobertura Humanitária na categoria Reportagens e Documentários com o episódio "Povos Isolados", que contou como populações de regiões afastadas dos grandes centros estavam lidando com a pandemia.

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Vincax contou que toda a produção deste material foi muito difícil para ele pessoalmente. "Foi uma produção difícil no começo, porque as pessoas tinham medo, nem todo mundo queria falar sobre covid", contou. A equipe viajou para Melgaço, município do Estado do Pará, para acompanhar como as equipes médicas estavam trabalhando nessa região e de que forma a covid-19 havia chegado ao local. Isso porque para chegar à cidade é necessário uma viagem de barco de 14 horas e só é permitida a entrada com a autorização da prefeitura.

"A covid foi de barco para lá", contou o repórter. Ele afirmou que a conclusão para o início das contaminações foi o fato de muitos moradores irem até Belém, capital do Estado, para a retirada do auxílio emergencial. O contágio pode ter ocorrido neste período.

"Eram dois médicos para a cidade inteira. Um trabalho de formiguinha mesmo. Aquela região sofreu muito", disse.

Para os que desejam trabalhar como repórteres cobrindo direitos humanos, Vincax destaca que é importante olhar para quem está diretamente envolvido na situação e respeitar os contextos locais. "Para trabalhar com matérias de direitos humanos, é muito necessário ter empatia. É preciso se colocar no lugar do outro".

Para o repórter, jornalismo não é glamour. Ele, que também fez coberturas em Manaus no ápice da crise sanitária decorrente da pandemia de covid-19 em 2020, relata que foram os piores dias para ele devido ao que presenciou. "No terceiro dia [que estava em Manaus] eu fui no cemitério e tinha trânsito lá dentro. Eram muitos corpos chegando. Víamos filas de corpos chegando. Foi uma cobertura muito difícil, mentalmente"

Manaus viveu um período de extrema dificuldade com falta de oxigênio e colapso da saúde no ano passado.

Trajetória
Natural do Rio de Janeiro, Marcus Vincax passou por diversas redações do Brasil como Band News FM, SBT Rio, Band e CNN, hoje ele atua como repórter na Globo. Foi atuando na CNN que ele produziu o documentário vencedor do Prêmio CICV de Cobertura Humanitária.

O repórter ressalta que, apesar das dificuldades, ainda mantém o mesmo senso idealista que tinha quando ingressou na faculdade. "Parece utópico, mas eu faço meu trabalho para ajudar as pessoas".

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