01/04/2021

Quem foi Audálio Dantas

Nascido em Tanque D’arca, município alagoano com pouco mais de seis mil habitantes, em 8 de julho de 1929, Audálio Ferreira Dantas veio para São Paulo ainda menino – uma primeira vez com os pais, aos cinco anos, e depois aos 12, para encontrar-se com a mãe.

Autodidata, Audálio Dantas é jornalista de profissão. Sua história como repórter começou quando ele trabalhava em um laboratório de Fotografia na Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo), revelando fotos do italiano Luigi Manprim, em 1954. Aos poucos ele começou a acompanhar repórteres nas ruas fazendo as legendas das próprias fotos e, posteriormente, escrevendo reportagens sobre temas do cotidiano.

Certa vez, em 1956, foi escalado para viajar até Paulo Afonso, na Bahia, onde deveria escrever sobre a inauguração da nova hidrelétrica do São Francisco. Voltou de lá não apenas com a reportagem sobre o impacto econômico da nova construção como também com quase dez outras reportagens com foto sobre outros assuntos apurados no local.

Audálio e Carolina Maria de Jesus

Seu espírito compartilhador se revela em suas produções jornalísticas. Foi com a ajuda do repórter que a escritora e poetisa Carolina Maria de Jesus tornou-se conhecida. Audálio Dantas foi o responsável por organizar os escritos da hoje mundialmente conhecida moradora da favela do Canindé, em São Paulo. A reportagem que fez sobre a vida dela é a que considera a mais importante de sua vida.

O repórter tem passagem por quase todos os principais veículos de jornalismo de sua época, como O Cruzeiro, revista Quatro Rodas e VejaSP. Ele também produziu uma série de reportagens sobre Canudos (BA), que estava fadada a desaparecer com a represa do rio Vaza-Barris.

Em 1975, quando exercia o cargo de presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), foi peça chave na denúncia do assassinato brutal de Vladimir Herzog, seu colega de profissão. O ato ecumênico ocorrido na catedral da Sé em 31 de outubro de 1975 foi fundamental no caminho de redemocratização do país. Ele também foi presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o primeiro eleito por voto direto.

Além do jornalismo, Dantas é escritor e leitor ávido de grandes nomes da literatura brasileira, e foi influenciado por poetas e escritores como Raquel de Queiroz, José Lins do Rego e Graciliano Ramos.

Foi também deputado federal em 1978, considerado um dos mais influentes do país. Já recebeu o prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da ONU e, em 2013, foi presidente da Comissão Nacional da Memória, Justiça e Verdade dos Jornalistas Brasileiros. Em 2008, recebeu o título de Cidadão Paulistano pela Câmara Municipal de São Paulo. Foi agraciado com o prêmio Intelectual do Ano (Troféu Juca Pato) em 2013 e vencedor do Prêmio Jabuti de 2016.

Audálio faleceu em 30 de maio de 2018 no Hospital Premier aos 88 anos.

Sobre o Troféu

No próximo dia 7 de abril, o Troféu Audálio Dantas - Indignação, Coragem e Esperança será entregue aos jornalistas Jamil Chade, Luis Nassif e Mara Régia Di Perna. Essa é a terceira edição do prêmio que visa homenagear repórteres que se destacaram na defesa da democracia, da justiça, direito à informação e liberdade de expressão.

A primeira edição da homenagem foi entregue ao próprio Audálio, em cerimônia no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) em 2017, e a segunda delas, em 2020, à repórter Patrícia Campos Mello.

O “Troféu Audálio Dantas – Indignação, Coragem, Esperança“ será entregue às 19h de 7 de Abril, Dia do Jornalista, em sessão virtual transmitida pelos canais das instituições promotoras e apoiadoras.

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