Pesquisadores da ECA USP lançam livro sobre educação remota na pandemia
O livro Educomunicação no contexto pandêmico: desafios do ensino remoto, fruto de investigação do Grupo de Pesquisa Mediações Educomunicativas sediado no Departamento de Comunicações e Artes da Escola de Comunicações e Artes da USP ( CCA - ECA / USP ) , reúne dados coletados entre 2021 e 2022 com 447 docentes da educação básica de todo o Brasil sobre o uso das tecnologias digitais na atuação docente durante a pandemia de Covid - 19.
A obra, que também terá formato online a ser disponibilizada na plataforma Scielo, é o 8º volume da série Comunicação e Educação da EDITUS – Editora da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz do Sul, BA) produzida em parceria com o Grupo de Pesquisa Comunicação e Educação da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), da qual os pesquisadores do Mecom são integrantes filiados.
Segundo Adilson Citelli, docente sênior da ECA, organizador do livro e coordenador da pesquisa, “um dos principais objetivos foi compreender como o ensino remoto emergencial, implementado durante a pandemia, impactou as práticas pedagógicas e transformou o cotidiano de professoras e professores”. O estudo também investigou se a formação inicial dos profissionais de educação foi suficiente para atender as demandas do ensino remoto emergencial e como a aceleração social do tempo, reforçada pelo uso dos dispositivos digitais, afetou – e continua afetando – a educação formal.
A iniciativa faz parte do projeto de pesquisa Comunicação e Educação: Mediações Tecnossociais no Ensino Básico, que contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e resultou no relatório digital Ensino Remoto Emergencial e Transições Associadas lançado em agosto de 2023.
Suas conclusões mostram que os docentes passaram por dificuldades para conciliar a vida doméstica com a atividade profissional. Afinal, além de ter que reestruturar um espaço doméstico para dar suas aulas, muitos educadores relataram ser preciso dividir esse espaço com um cônjuge que também é professor, ou com os filhos que também teriam aulas remotas. A falta de familiaridade com o uso de dispositivos digitais foi outro problema, com 41,8% dos/as pesquisados/as afirmando que a escola não ofereceu recursos para viabilizar as propostas síncronas ou assíncronas on-line, e 59,8% afirmando depender de redes solidárias de professores e gestores para usá-las.
Por fim, o estudo aponta que linguagens, ritmos e lógicas comunicacionais cifradas pela rapidez, fragmentação e reduções expressivas, típicos da internet, adentraram rapidamente o âmbito da educação formal, causando uma “destemporalização” das relações entre alunos e professores. Essa destemporalização forçava uma aceleração na resposta às demandas por parte dos docentes, que afirmaram que “passam mais tempo na internet do que com a família ou desfrutando de algum lazer” (69%), ou que sentiam que “o tempo está passando rápido demais” (93%). Além disso, 72,4% dos educadores afirmaram cumprir “jornada de trabalho extenuante”.
SAIBA MAIS
Ver nota completa produzida pelo LAC - Laboratório Agência de Comunicação da ECA USP:
Sobre o Grupo de Pesquisa Mediações Educomunicativas (Mecom)
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